UNO July 2015

Américas sem fronteiras

 

As Américas sem fronteiras são uma visão compartilhada pelos empresários do CEAL. Pensamos por um instante na América de Norte ao Sul em que podemos visualizar, pesar e prospectar as dimensões conjugadas deste continente. Os espaços de liberdade dentro dos processos democráticos aumentam a capacidade de reação, das sociedades abertas, aos nossos anseios por uma sociedade cada vez mais conectada e consciente do seu poder de mudar, evoluir as democracias e fortalecer suas instituições, abrindo os canais de diálogo para dinamizar e acelerar as transformações necessárias pelas reformas dentro da legalidade democrática.

Para a liderança do CEAL, o tema das evoluções democráticas tem alta prioridade. Dentro deste esquadro visualizamos grandes oportunidades, onde a América Latina faz parte das soluções globais. Os grandes temas do futuro têm a América Latina como parte de sua solução – por exemplo, a segurança alimentar para os 9 bilhões de habitantes estimados para 2050, que terão na América Latina um grande parceiro para atender esta demanda. Recursos naturais aprimorados e transformados poderão suprir produtos e serviços das crescentes classes médias, da Ásia, dos Estados Unidos, da Europa e da África.

A América Latina transforma-se num grande consumidor de produtos de alta rotatividade (higiene, cosméticos, etc). As oportunidades de fazer mais e melhor com menos são estratégias que as empresas buscam na parceria Latino-Americana

A inserção da América Latina nas Cadeias Produtivas Globais terá como fonte relevante de recursos a matriz energética mais sustentável do mundo, sendo que as energias renováveis compõem a maior parte da matriz energética da América Latina. Isto só será possível e factível se a América Latina cuidar do seu próprio desenvolvimento de uma forma mais conjugada e interligada.

A América Latina tem hoje um PIB (PPP) de aproximadamente U$ 7,5 bilhões, a metade dos Estados Unidos e da União Europeia e 2/3 da China.

O PIB per capita está na ordem de U$12 mil/ano, enquanto na China está em torno de U$ 10 mil. Os investimentos estrangeiros diretos IED na América Latina estão na ordem de U$ 188 bilhões/ano, similar ao dos Estados Unidos e maior do que da China, U$ 124 bilhões e a União Europeia supera todos com U$ 245 bilhões.

Uma das características da América Latina é ter cadeias produtivas globais mais longas, fazendo com que o mercado interno tenha proporções maiores, referentes ao seu comércio internacional. As exportações mais importações são da ordem de 20% do PIB, similar aos Estados Unidos e da China, que também têm características de cadeias produtivas longas. Os processos de produção e inovação nas cadeias produtivas longas fazem com que a competitividade global possa ser constituída, desde que se invista em inovações e P&D. Na América Latina notamos este fenômeno na cadeia do agronegócio, particularmente na questão alimentar, ração, fibras e bioenergias.

A América Latina hoje já se desponta como sendo campeã nas proteínas animais e vegetais.
A competitividade dentro das fazendas ou das fábricas, na utilização dos recursos naturais, é alta, perdendo sucessivamente sua posição pelo alto custo da porteira para fora, ou seja, pela deficiência da infraestrutura e dos elevados custos tributários administrativos, entre outros.

Os espaços empresariais, aliados aos investimentos públicos privados na área de logística e eficácia administrativa pública, poderão levar a América Latina a ter posições de Champions em muitas áreas.

A inserção social em larga escala nos últimos anos fez com que demandas reprimidas para produtos de entrada (entrance products) recebessem o estímulo de grandes escalas. Os resultados foram investimentos produtivos para produtos mais simples e de baixo custo. A América Latina transforma-se num grande consumidor de produtos de alta rotatividade (higiene, cosméticos, etc). As oportunidades de fazer mais e melhor com menos são estratégias que as empresas buscam na parceria Latino-Americana.

A educação que se inicia por políticas para a primeira infância e termina com a gestão inovadora do empreendedorismo são esforços fundamentais para inserir a América Latina na competitividade global. O processo inovador, a criatividade e o empreendedorismo podem ser multiplicados se forem realizados de forma conjunta e não isoladas. Exemplos de excelência de inovações poderão ser encontrados nas áreas públicas privadas e institucionais na América Latina. Estas são experiências que queremos multiplicar e divulgar para dar acesso àqueles que estão longe destas.

As empresas latino-americanas, dentro deste processo, buscam por maiores espaços para poderem oferecer soluções inteligentes e cada vez mais competitivas

A mobilidade traduzida pela facilidade das pessoas terem informações e comunicar-se com rapidez e eficácia, e poderem movimentar serviços, produtos e a si próprio dentro de cidades inteligentes são temas que a jovem sociedade latino-americana quer proporcionar às suas novas gerações, a impressionante conectividade atual das sociedades latino-americanas através dos seus Ipads, Iphones, que darão acesso à intermediação de conhecimento e processos para os indivíduos, famílias e suas comunidades.

As empresas latino-americanas, dentro deste processo, buscam por maiores espaços para poderem oferecer soluções inteligentes e cada vez mais competitivas. Parcerias globais e locais são estratégias que acompanham setores e empresas no seu dia a dia para uma América sem fronteiras. Isto traria benefícios a todos os envolvidos, pela interação das pessoas dentro de seu continente, pela proximidade cultural e diversidade de suas histórias e experiências. São riquezas que quando direcionadas a este objetivo comum produziram inserção e compartilharam prosperidade. Neste processo de integração física, social e de conhecimento da dinâmica do crescimento da nova classe média de baixo para cima, reduzindo a extrema pobreza, eliminado a fome e ao aumentar o bem-estar de nossos povos aumentará ainda mais a dinâmica da paz, da tolerância e da prosperidade mundial. A manutenção dos princípios do respeito à natureza contribuirá para a maior sustentabilidade do planeta. A cada dia no âmbito da globalização, a América Latina é cada vez mais uma solução e não um problema, isto se conseguirmos avançar nas nossas fronteiras mentais e alargar os espaços ainda não ocupados pelo desenvolvimento da esperança em podermos fazer mais por nós mesmos.

Ingo Plöger
Presidente Internacional do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL) / Brasil
Acionista e membro do Conselho da Companhia Melhoramentos. Ingo Plöger é também presidente da IP Desenvolvimento Empresarial e Institucional, uma companhia dedicada à promoção de investimentos e ao desenvolvimento empresarial e institucional. Presidente internacional do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL), ele já comandou a presidência do CEAL Brazilian Chapter e foi durante quatro anos o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, assim como presidente da Aliança das Câmaras da Alemanha no Mercosul. Plöger é ainda conselheiro em temas de investimento estrangeiro direto para o governo brasileiro e comendador da Ordem do Rio Branco. [Brasil]

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